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Guará, inspiração para

Foi por volta de 1750 que os irmãos Figueiredo chegaram nas terras do futuro povoado de Guará. Vindos de Minas Gerais, os 3 irmãos desbravaram durante anos a região entre os rios Grande e Sapucaí, abrindo terras para o cultivo. Seus descendentes fundaram um pequeno povoado, chamado de Laje. Mas foi só no início do século XX, 1902, que as terras foram doadas para que o povoado pudesse crescer.

A Companhia de Estradas de Ferro e Navegação estava estendendo seus trilhos até a barranca do rio Grande, para atingir o planalto goiano. O progresso chegava na linha do trem com a facilidade do transporte, e da comunicação, com o telégrafo. O nome Guará surgiu na época da construção da ferrovia. Havia muitas garças no local, (em Tupi, gûará), e também muitos lobos-guará (em Tupi, agûará), portanto, o nome é uma homofonia de duas palavras indígenas. Os migrantes chegaram para trabalhar nas férteis terras da região, onde o algodão teve um papel importante no desenvolvimento. Mesmo atualmente, quando a cana-de-açúcar avança para o noroeste de São Paulo, Guará mantém em atividade sua algodoeira de quase 50 anos, hoje nas mãos da família Mine.

O agronegócio continua sendo fator importante para o desenvolvimento da cidade, tanto pela instalação de novas empresas, quanto por tradicionais empreendedores que sempre acreditaram no potencial da terra. Foi nos anos 50, quando a mecanização na Alta Mogiana começou a avançar na cultura do algodão, que uma pequena fábrica de vitrôs e portas de aço se transformou em uma empresa de manutenção de tratores e equipamentos agrícolas. Hoje a Busa, instalada em 100mil m² é líder de mercado no Brasil e na América Latina, em vendas de Cotton Line, uma linha completa para beneficiamento de algodão. A empresa fez a primeira exportação da cidade, uma Usina de Algodão Inteligente, para Burquina Fasso, na África Ocidental. Guará, como em muitas cidades do interior, teve na política um entrave para o desenvolvimento: a briga entre dois partidos políticos que durou quase 3 décadas.

Coisa do passado, garante o atual prefeito, Marco Aurélio Migliori. Em primeiro lugar está o desenvolvimento, tanto que hoje a cidade já não depende tanto de repasses federais ou estaduais. A infraestrutura municipal está sendo corrigida ano a ano. 100% da água utilizada vem de poço artesiano e é fluoretada e clorada. O esgoto é totalmente coletado, mas a estação de tratamento ainda está em construção. A coleta e destinação de resíduos sólidos é uma das melhores do Estado, segundo a Cetesb. Guará tercerizou este trabalho para os próximos 12 anos.

Além dos resíduos locais, o aterro sanitário da cidade atende outras 4 cidades vizinhas. O asfalto é antigo, da década de 50, e precisa reparos, um trabalho que vem sendo feito aos poucos. Guará passou a integrar, no mês de abril, o Circuito dos Lagos, uma entidade de turismo que engloba 30 cidades que possuem lagos formados pelos Rios Grande e Sapucaí. É mais uma aposta para o desenvolvimento local. Na educação o grande projeto é proporcionar ensino em período integral para todos os 6 mil alunos da cidade, da creche ao ensino médio. A meta é desenvolver um trabalho de empreendedorismo. Na hora da diversão o velho “footing” ainda é a melhor opção para os finais de semana. As famílias se encontram na praça central, onde a fonte luminosa e musical resiste ao tempo.

Está em atividade há quase 50 anos. Os jovens, por sua vez, se encontram na avenida da antiga estação em um “footing” mais moderno, onde a música vem dos auto-falantes dos carros. Durante a semana o programa é assistir a novela Cidadão Brasileiro. O autor, Lauro César Muniz, usa a cidade como pano de fundo da estória. Muitos personagens levam nomes de antigos moradores da cidade. Muniz morou durante algum tempo em Guará. Seu pai era dono do único cinema, o Cine Teatro Glória, hoje um templo religioso.

Dados

  • Cana-de-açúcar: 19.500 ha - 80 ton/ha
  • Soja: 5.600 ha - 35 sacas/ha (safra 2005/2006)
  • Sorgo: 3.000 ha - 50 sacas/ha
  • Pastagem natural: 1.500 ha

Fonte: CATI Guará.

Março/2006

ABAG/RP