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Guatapará, uma cidade feita de pequenas vitórias

O nome Guatapará é originário de uma caça extinta na região, também conhecida como “Veado Cervo”. Antes de se tornar município Guatapará era uma fazenda moderna e arrojada, uma das maiores da região de Ribeirão Preto, e chegou a ter dois milhões de pés de café. Formada em 1885, refletia o pensamento de seu fundador, Martinho da Silva Prado. Era dividida em quatro grandes sessões, nas quais foram construídos mais de 500 edifícios entre casas, oficinas, depósitos, farmácia, hospital, mercearia, hotel, igreja e até uma fábrica de cerveja.

Era uma verdadeira cidade com cerca de 2.100moradores, a maioria imigrante, que escrevem até hoje sua história, principalmente os japoneses. Em 1938 foi criado o distrito de Guatapará, que devido a sua importância econômica possuía 2 estações ferroviárias que o ligava a várias cidades da região. Localizado muito longe da sede, Ribeirão Preto, cerca de 60 quilômetros, sempre foi um desejo da população local a emancipação política para garantir os investimentos necessários, o que só ocorreu em1990. A cidade conquistou a partir daí escola municipal, posto de saúde, iluminação pública e asfalto. Mas com apenas 15 anos há ainda muito a fazer. O orçamento de R$ 8 milhões vem basicamente da arrecadação de ICMS e do Fundo de Participação dos Municípios. Segundo a Prefeitura, 25% são aplicados na saúde. A cidade tem médicos especialistas e atendimento 24 horas na unidade central de saúde.

Outros 25% são aplicados na educação, o que não aconteceu nos anos anteriores, tanto que a cidade deixou de receber verbas estaduais e federais. São 1.500 alunos, do ensino infantil ao ensino médio, dos quais 500 moradores da zona rural e que são transportados diariamente para a cidade. As duas salas de informática, o “projeto tecer”, que usa o trabalho manual para atrair os jovens, e a padaria artesanal, que começa a funcionar em breve, são as boas novas da educação local. O prefeito Esdras Igino, um jovem de 34 anos que está em seu segundo mandato, assumiu pela primeira vez aos 26 anos. Ele abandonou a carreira de advogado em Ribeirão Preto para voltar à vida pública em prol da cidade e é sincero ao dizer que está quase tudo por fazer. Um terço da cidade não tem asfalto, mas a licitação já está em andamento.

Os domicílios têm 100% de água encanada e coleta de esgoto, mas é preciso construir uma caixa d’água elevada para garantir o abastecimento. O financiamento foi solicitado ao governo federal. Quanto ao tratamento de esgoto, a cidade foi incluída no Projeto Água Limpa do governo de São Paulo. Até meados de 2006 deverá estar com a sua estação de tratamento pronta. O projeto, já aprovado, para construir 64 casas no sistema mutirão vai resolver parte do déficit habitacional, que é de 300 moradias. Com 6.500 moradores, sem indústrias nem comércio representativo, gerar empregos é um desafio. Cerca de 1.500 pessoas moram na zona rural e trabalham lá mesmo. A criação de galinhas poedeiras é predominante, principalmente no distrito de Mombuca. A maioria dos trabalhadores sai da cidade para trabalhar em indústrias e usinas de cidades vizinhas. Apenas 10% trabalham diretamente com agricultura.

A cidade está comemorando a construção de um aterro sanitário privado na cidade, um investimento de R$ 10 milhões que vai gerar 150 empregos diretos. O aterro, nos moldes do que já funciona na cidade de São Paulo, vai utilizar as mais modernas tecnologias disponíveis no mercado e pretende atender cerca de 80 municípios da região. Uma das grandes frustrações da população é não ter a Celpav Celulose e Papel, do grupo Votorantim, instalada na cidade. Ela está a 500 metros da divisa. Mas agora uma empresa terceirizada de logística, que presta serviço à empresa, vai instalar um entreposto para aproveitar a linha ferroviária Araraquara-Barretos. Com estas pequenas vitórias Guatapará espera que ao atingir a maioridade, em 6 anos, possa oferecer uma qualidade de vida melhor do que a existente hoje, semelhante àquela que havia no século XIX, onde havia trabalho para todos, época onde até companhias teatrais incluíam a fazenda em suas turnês.

Dados

  • Cana 23mil ha / 1.856.000 t
  • Amendoim das águas 600 ha
  • Arroz sequeiro 100 ha
  • Milho 1.100 ha
  • Soja 1.900 ha
  • Poedeiras 700 mil cabeças/ Ovos 1.100 cx/ 30dz/ dia

Fonte: CATI – Jaboticabal.

Setembro/2005

ABAG/RP