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Nova Europa: muita história e poucos europeus

A história da criação de Nova Europa é um pouco diferente da de outras cidades do interior de São Paulo. As terras não foram doadas por fazendeiros, mas pelo Estado, que criou na região de Araraquara 3 núcleos coloniais destinados a migrantes europeus, para garantir mão-de-obra para a lavoura do café. Era 1907. Os primeiros a chegar foram os letos russos, seguidos dos alemães, que marcaram presença de maneira muito forte.

Uma tese de mestrado, de 1999, apontou ter existido na cidade uma importante célula nazista, que inclusive chegou a abrigar o criminoso de guerra, Josef Mengele. Mas o que a cidade gosta de lembrar são os moradores mais ilustres, donos de histórias mais empolgantes. O zagueiro Nei, que deu tantas alegrias aos palmeirenses, e o sambista Jair Rodrigues, que em suas diversas entrevistas, sempre cita com carinho sua passagem por Nova Europa. Jair Rodrigues era charreteiro e transportava as professoras da cidade para as escolas da zona rural, pois antes mesmo de surgir o núcleo urbano, já estava instalada na Fazenda Modelo Itaquerê a Usina Santa Fé, onde colonos trabalhavam, moravam, se divertiam no cinema, recebiam assistência médica e os filhos estudavam.

Com 51 anos de emancipação política e 7.900 habitantes, pouco sobrou das tradições dos primeiros moradores europeus. Apenas uma família russa e 5 alemãs permanecem na cidade. Hoje, grande parte da população é constituída por paranaenses que deixaram seu estado para trabalhar em Nova Europa. As culturas da laranja e da cana-de-açúcar predominam na cidade. A Usina Santa Fé é a maior empregadora e pagadora de impostos. Segundo o IBGE, são mais 6 indústrias: 1 padaria, 2 serrarias e 3 alambiques. O comércio é pouco difundido.

A população prefere fazer suas compras em outras cidades, devido aos melhores preços e variedade de mercadorias. Grande parte do orçamento, como na maioria das cidades brasileiras, vem do Fundo de Participação dos Municípios, um repasse federal proporcional ao número de habitantes, e não ao desempenho econômico da cidade. Na tranqüila Nova Europa os muros das casas ainda são baixos, os vizinhos se conhecem e as crianças brincam na rua. A cidade tem 100% de água encanada e de coleta de lixo, mas não há aterro sanitário. A implantação de uma usina de reciclagem e compostagem é uma das prioridades. A rede de coleta de esgoto cobre 98% do município, e há uma lagoa de tratamento que, por enquanto, é suficiente. A saúde, municipalizada, aposta no Programa de Saúde da Família que, segundo o Ministério da Saúde, tem capacidade para atender 5 mil pessoas.

Na cidade já existem dois desses programas funcionando e um terceiro está sendo criado para atender a população rural. Na educação o município tem tentado inovar. Criou a autoridade mirim, com eleição de prefeito e vereadores, para trabalhar os valores sociais. Como em outras cidades, adotou o material didático de uma rede particular, mas optou por fazê-lo paulatinamente. Começou em 2003 apenas com alunos da primeira série e, a cada ano, implanta uma nova série, o que se repetirá até que todos os alunos do ensino fundamental, da 1ª à 8ª série, estejam usando o novo material. Os jovens da cidade também contam com o apoio do Centro de Convivência Itaquerê, que acolhe crianças e jovens nos horários opostos às aulas. São oferecidos cursos de línguas, de artesanato, de música, dança e até cursos profissionalizantes, como de elétrica e mecânica. Com esta capacitação muitos jovens acabam sendo aproveitados para trabalhar na Usina Santa Fé, mantenedora do Centro.

Dados

  • 182 propriedades, maioria com até 50 ha
  • Laranja: 2.500 ha
  • 500 mil pés
  • 1 milhão de cxs
  • Cana: 9.500 ha / 90 ton/ha

Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Europa.

Fevereiro/2005

ABAG/RP