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Barrinha: em busca de uma nova realidade

Barrinha, a “Princesa do Mogi”, foi um porto fluvial no Rio Mogi-Guaçu. As primeiras casas foram erguidas em torno da estação de trem, que ficava dentro da Fazenda São Martinho. Com a quebra da Bolsa de Nova York, e a conseqüente crise do café, a fazenda foi loteada e um pequeno povoado se formou, em 1930. A emancipação política aconteceu em 1953. Em Barrinha a realidade é muito diferente daquela que se imagina quando o tema é a região de Ribeirão Preto.

O município, que fica a 40 quilômetros de Ribeirão Preto, e 15 de Sertãozinho, duas das mais progressistas e desenvolvidas cidades da região, parece que parou no tempo, apesar de a população seguir crescendo. “Todos os estados do Brasil estão representados em Barrinha. Atualmente a cidade tem cerca de 27 mil habitantes. Não há clube, associação ou qualquer entidade que reúna seus moradores. Apesar disso, as pessoas que se mudam para cá não saem mais”. Estas palavras são do médico barrinhense Said Saleh, eleito prefeito pela segunda vez e que estará à frente de uma cidade onde o maior desafio é buscar melhor qualidade de vida aos seus moradores. As duas maiores receitas do município vêm do IPM e ICM, que juntas não chegam a ser suficientes para quitar a folha de pagamento dos servidores da prefeitura.

“É preciso buscar alternativas. Encontrar indústrias que queiram se instalar na cidade. Afinal, estamos a apenas quinze quilômetros de Sertãozinho, onde o número de indústrias não pára de crescer”, diz o prefeito recém eleito. Das indústrias instaladas na cidade, as que mais se destacam trabalham com montagem industrial e equipamentos para usinas de açúcar, além das cerâmicas que fabricam tijolos e telhas. O comércio é tímido. Os serviços, mais tímidos ainda. Hoje a cidade pode ser considerada “dormitório”. Mais de 6 mil trabalhadores saem de manhãzinha para trabalhar nas lavouras da região. Outros tantos para indústrias e usinas próximas, e cerca de 2 mil trabalham em Ribeirão Preto como empregados domésticos e pedreiros.

Na área de infra-estrutura três preocupações: o lixo doméstico, pois o aterro da cidade está condenado; o esgoto, que é lançado sem tratamento no córrego que corta a área urbana; e a captação de água, subterrânea, que necessita de mais investimentos. Na área da saúde não há na cidade atendimento pelo SUS. O único hospital, apesar de equipado, está parado. As pessoas são atendidas nos municípios vizinhos. Entre as maiores preocupações dos administradores estão as crianças e os jovens. Será preciso construir mais creches, melhorar o ensino de 1ª a 4ª série, hoje municipalizado. Para os alunos da 5ª série do fundamental à 3º série do ensino médio, as escolas estaduais têm tentado ser uma alternativa. A E. E. “José Luiz Siqueira”, por exemplo, desenvolve diversos projetos para manter os alunos na escola nos períodos opostos às aulas.

Alguns têm feito muito sucesso, como o de teatro, o de xadrez, o de informática, a banda marcial e o de agronegócio. Diretores, coordenadores, professores e ex-alunos se empenham para estimular os estudantes. No projeto de teatro as peças, escritas pelo próprio grupo, são representadas dentro e fora da Escola. No xadrez o sucesso se deve à colaboração voluntária de um ex-aluno Evandro Brandão. Desde 1998, e sem nenhum patrocínio externo, ele treina e leva seus alunos para participar de campeonatos escolares e abertos. O resultado de tanta dedicação já projeta a cidade entre as melhores do interior nesta modalidade de esporte. O Programa Educacional “Agronegócio na Escola”, da ABAG/RP, é desenvolvido há quatro anos na Escola Siqueira.

Por meio dele os alunos conhecem o outro lado da realidade do mercado de trabalho da região. Descobrem horizontes que vão além do trabalho braçal nas lavouras. Descobrem as agroindústrias, as imensas oportunidades oferecidas, e se conscientizam de que um futuro melhor depende do esforço individual, onde a escolaridade e a boa formação são cada vez mais necessárias e exigidas.

Dados

  • Área agrícola 12.970 ha
  • Propriedades 90
  • Sendo até 50 ha - 68
  • De 50 a 200 ha - 8
  • Acima de 200 ha - 14
  • Dos 90 proprietários rurais 62 fazem parte de cooperativa
  • Área plantada com cana - 8.640 ha
  • Culturas anuais: Amendoim, Soja ou Milho - 2.160 ha
  • Área inaproveitável - 1.600 ha

Outubro/2004

ABAG/RP