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Rincão: paciência e esperança

A expressão gaúcha Rincón, que significa lugar abrigado por rios, morros e matas, deu origem ao nome da cidade. Os tropeiros gaúchos passavam por aquelas terras conduzindo suas tropas de animais, antes mesmo que ela se tornasse o Distrito da Paz. No Distrito, o progresso chegou junto com a estrada de ferro, que transportava gado e café. Em 1884, quando os rumores da construção da ferrovia se espalharam, foi fundada a Vila da Paciência.

Hoje, Rincão. Mas muito antes disso a região já era habitada. Recentemente foram encontrados vestígios dos seus antigos moradores, os índios guaianazes. A cidade cercada por morros e rica em cursos d’água tem uma paisagem especial, mas que requer muitos cuidados. A exploração mineral, concentrada no bairro Taquaral, é fonte de renda e também de muitos problemas, tanto que a obtenção de licença para o trabalho está cada vez mais difícil. No bairro o esgoto corre a céu aberto, o que combinado com a extração da areia e pedregulho, faz a prefeitura correr contra o tempo em busca de soluções rápidas.

O desafio foi assumido este ano por uma mulher, Therezinha Servidonni, a primeira prefeita, que obteve a maior votação da história da cidade. A professora aposentada, que já havia sido vereadora duas vezes, gosta de contar seu primeiro grande feito. Em 20 dias de contenção de despesas, regularizou todos os salários pendentes, cerca de R$ 300 mil, mas sabe que os desafios são muito maiores. A verba para a construção de uma estação de tratamento de esgoto para o Taquaral já foi garantida junto ao Comitê de Bacia. Os emissários já estão sendo iniciados.

Mas o sistema de água é outra grande preocupação. A perda chega a 60%. Culpa dos reservatórios e da inadimplência. Os gastos com a manutenção são de R$ 48 mil, e a arrecadação é de R$ 16 mil. A conta não fecha. A iluminação pública precisa de modernização e muitas ruas ainda estão sem asfalto. A principal atividade econômica é agricultura, com destaque par a cana-de-açúcar e a laranja. Mas a falta de postos de trabalho urbanos atrapalha o desenvolvimento. A cidade tem apenas pequenas indústrias de transformação de tijolos, e um comércio acanhado.

Na educação, municipalizada de 1ª a 4ª série, a idéia é traçar um projeto único para todas as unidades, já que em algumas, crianças de 10 anos praticamente não sabiam ler. A USP de São Carlos está preparando um projeto para melhorar a auto-estima e o aprendizado dessas crianças. Na área da saúde 2 unidades básicas e um pronto-socorro atendem a população, além de uma equipe do Programa de Saúde da Família. Os números do IBGE mostram que a população tem crescido em Rincão, hoje com cerca de 11.200 moradores, menos que em outras cidades da região.

Muitos jovens acabam saindo da cidade. Talentos se perdem. Mas como educadora, a Prefeita já pensa no futuro da cidade. Para garantir a formação de futuros gestores, alguns de seus secretários de governo têm jovens assessores trabalhando em seus gabinetes. E eles estão surpreendendo, com lições de otimismo e pitadas de aventura nas decisões. Os jovens fazem a alegria da cidade. Nos finais de semana, pelo menos dois bailes são realizados no clube local. A praça central e as lanchonetes ficam lotadas. As grandes festas são o carnaval de rua e a quermesse junina, que acontece no pátio da antiga estação ferroviária, onde hoje funciona a prefeitura. Festas que fazem parte do plano de turismo local, uma promessa e uma esperança de desenvolvimento, devido à beleza natural e às suntuosas sedes de fazendas que ainda estão preservadas na região.

Dados

  • Área plantada de cana = 16 mil hectares
  • Produtividade média = 80 ton/ha
  • Área plantada de laranja = 2.300 hectares
  • Produtividade média = 2 caixas /pé
  • Propriedades cadastradas = 212

Fonte: Prefeitura Municipal.

Abril/2005

ABAG/RP