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A agropecuária brasileira deve crescer 2,9% em 2020

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O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), do Banco Central do Brasil, divulgado na semana passada, aponta que, mesmo com os efeitos da pandemia do novo coronavírus, a agropecuária brasileira deve crescer 2,9% em 2020.  

O número é o mesmo do relatório divulgado em dezembro, diferente do esperado pelo mercado. Segundo o Banco Central, isto reflete a melhora dos prognósticos para a safra de grãos, compensada por redução moderada na estimativa de crescimento da pecuária, e também leva em conta os impactos da pandemia sobre a demanda interna e externa por proteínas, diz o relatório.

Monitoramento por setor 

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) criou um grupo de monitoramento da crise do Covid-19 para avaliar os dados e propor medidas para garantir alimentos seguros à população.  No boletim, referente aos impactos do coronavírus no agro no período de 23 a 27 de março, foram divulgadas informações sobre as culturas mais impactadas. 

 

Veja as principais análises, por cultura, divulgadas pela CNA :

 

Frutas e hortaliças

Um dos setores mais atingidos pela crise, já que o fechamento de restaurantes, bares e feiras livres reduziu significativamente a demanda desses produtos. Nos principais centros consumidores, o preço do tomate caiu em média 37% em relação à semana passada, que já foi de baixa.

Para amenizar os impactos negativos aos produtores, a CNA tem atuado para ampliar as compras governamentais de alimentos, ampliar também a rede de fornecedores às grandes redes de varejo e buscado alternativas para venda online dos produtos pelas cooperativas e produtores rurais.

Exportadores de frutas relatam uma suspensão drástica das exportações por via aérea. As exportações eram feitas basicamente em porões de voos de passageiro, os quais estão praticamente indisponíveis no momento. Anteriormente à crise do Covid-19, as frutas partiam de diversas regiões do País para destinos como União Europeia, EUA, Emirados Árabes e outros.

Flores e plantas ornamentais

O setor, que gera mais de 1,01 milhão de empregos diretos e indiretos, foi fortemente prejudicado nas duas últimas semanas devido à redução drástica das compras desses produtos. Estima-se que o setor já perdeu R$297,7 milhões em faturamento (Ibraflor), podendo agravar caso a quarentena se mantenha pelos próximos meses.

Boi gordo

Os preços começaram a cair na semana mas o produtor preferiu segurar o boi no pasto à venda. Com isso, os frigoríficos voltaram a negociar no patamar de R$ 200 por @, em SP. Ao final da semana, a quantidade de animais negociados foi a maior dos últimos 10 dias, o que deve alongar as escalas de abates dos frigoríficos e pressionar cotações futuras novamente.

Lácteos

Pequenas indústrias lácteas localizadas principalmente no Nordeste do Brasil anunciaram redução na coleta de leite, preocupando os produtores que ficaram sem compradores. Diferentemente, as grandes indústrias e cooperativas adotaram a estratégia de remanejar sua produção para UHT e leite em pó. Algumas indústrias do Rio Grande do Sul e Goiás que comercializam produtos lácteos para outros estados apontaram dificuldades com o frete retorno.

Ovos

Diante da forte demanda, os preços de ovos têm se valorizado diariamente. Em março, o preço pago ao produtor já acumula alta de 15,8%.

Ração animal

Uma grande preocupação dos pecuaristas de tem sido com os custos da ração. Atualmente, a ração base (30% farelo de soja e 70% farelo de milho) está 19% mais cara do que a média do mês de fevereiro. Isso se deve às constantes valorizações do milho e da soja no mercado interno, influenciadas por demanda aquecida e valorização do dólar.

Aquicultura

A comercialização de camarão tem sofrido grande impacto devido ao fechamento do food service. Como alternativa aos produtores, a CNA fez contato com grandes redes varejistas do País, as quais já começaram a ampliar os pedidos de compra do produto.

Commodities agrícolas

Commodities agrícolas, como soja, milho e café registraram valorizações na semana, influenciadas pela demanda aquecida, estoques baixos e manutenção do câmbio alto. No setor sucroenergético, os preços do etanol se mantiveram estáveis, mas com tendência de baixa diante das perspectivas de queda no consumo.

Até o momento, os problemas enfrentados por esses setores têm sido principalmente quanto ao fechamento de lojas e revendas que fazem reposição de peças e equipamentos para maquinários agrícolas e ao escoamento. Iniciativas regionais de impedimento do fluxo de caminhões ocorreram mas já foram solucionadas.

Medidas adotadas no campo

A colheita de café e cana se iniciam em breve e os setores já estão adotando medidas para evitar a contaminação por Covid-19, como a redução do número de trabalhadores transportados nos ônibus, ampliação dos horários de funcionamento dos refeitórios e orientações sobre higienização individual e frequente.

ABAG/RP