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Guaíra, movida a agronegócio

Situada entre os rios Grande, Sapucaí e Pardo, Guaíra se destacou nos anos 80 pelo investimento de seus produtores rurais nas culturas irrigadas. Continua sendo o município paulista com maior número de pivôs de irrigação, 233. A agricultura expandiu após 1901, quando Joaquim Franco e sua esposa doaram terras para que o pequeno povoado pudesse se desenvolver.

Com a chegada dos imigrantes japoneses, na década de 50, a vocação agrícola de Guaíra se fortaleceu. A cidade chegou a ser conhecida como “Capital do Ouro Branco”, referência às plantações de algodão, que tomavam conta da paisagem. Logo depois, coma irrigação, os grãos dominaram o campo. Situação que ainda prevalece, mas que vem perdendo força por conta dos problemas enfrentados pelos produtores: seca, câmbio desfavorável, falta de políticas públicas para o setor, doenças e pragas. Para uma cidade que vive em função do agronegócio é uma situação complicada. A arrecadação da prefeitura e o dinheiro que gira pelo comércio dependem em cerca de 70% do setor.

É uma situação passageira, espera a administração municipal. Para evitar os problemas sanitários do ano passado, quando a produtividade caiu de 80 para 40 sacas de soja por hectare, foi lançada uma campanha para pulverização da safrinha, para prevenir a Tigüera, e conseqüentemente a Ferrugem Asiática. É graças ao sucesso no campo é que a cidade tem um dos melhores índices de desenvolvimento humano municipal (IDHM): 0,822, que leva em conta a renda, a longevidade e a escolaridade. São cerca de 35 mil habitantes, cujo rendimento médio dos responsáveis pelos domicílios gira em torno de R$ 760,00. Na área de saneamento o orgulho fica por conta da rede de esgoto. A estação de tratamento funciona desde a década de 70.

O abastecimento de água atende 100% da população, assim como o asfalto e a iluminação pública. A coleta de lixo recebeu nota 8,3 da Cetesb. Para melhorar o conceito foi contratada uma empresa para recolher os resíduos infectantes, e está sendo implantada a coleta seletiva. Na área da saúde a rede municipal, desde o ano passado, vem sendo equipada para evitar que os pacientes da cidade tenham que ir até Barretos para fazer um eletrocardiograma, por exemplo. Mais de 15 equipamentos de média e alta complexidade de atendimento foram instalados nos últimos 18 meses.

Na área de educação e cultura os trabalhos em Guaíra são complementares. Oficinas extra salas de aula estimulam os alunos a freqüentarem a Casa da Cultura e seus cursos de música, dança e artes plásticas. O esporte em que Guaíra mais se destaca é o judô, em grande parte devido à influência da colônia japonesa local, que representa cerca de 30%da população. O judoca Branco Zanol, várias vezes campeão paulista e pan americano, começou na Associação Guairense de Judô, e hoje desenvolve em várias cidades o Projeto Olímpico que leva seu nome. Funcionando desde 2001 na cidade, o projeto já colhe os frutos. A judoca Amanda Dutra foi medalha de bronze no último Pan Americano Juvenil, disputado entre 13 e 14 de abril nos Estados Unidos.

O cartão postal da cidade é o Parque Ecológico Maracá, com 50 hectares, projetado por Burle Marx. O paisagista, que visitou a cidade na década de 80, se encantou com o lago na entrada da cidade e projetou um parque no seu entorno. Para revitalizá-lo e fazê-lo voltar às suas características originais, foi lançado no ano passado o Concurso Nacional de Arte Pública, com apoio da Fundação Gilberto Salvador, que trabalha com obras de Burle Marx. Setenta trabalhos do Brasil e do exterior foram inscritos. O Jardim das Esculturas, originalmente previsto, deve sair do papel. As obras devem começar ainda este ano, para que em 2008 o Parque possa abrigar as comemorações do centenário da chegada do navio Kasato Maru ao Brasil. Guaíra, pela força de sua colônia japonesa, se inscreveu para ser uma das sedes nacionais da comemoração.

Dados

  • Soja: 42.000 ha - 40 sacas/ha
  • 1 milhão 680 mil sacas
  • Milho safrinha: 19.000 ha
  • Pastagem: 10.000 ha
  • Seringueira: 224 ha
  • Área irrigada: 12.000 ha
  • Número de pivôs: 233
  • Cana-de-açúcar: 27.000 ha (em produção)
  • 5.000 ha novos

Fonte: CATI Guaíra.

Abril/2006

ABAG/RP