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Em Jaboticabal, a ciência do agronegócio

Há 35 anos, a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias do campus da Unesp em Jaboticabal marca a excelência do agronegócio na região de Ribeirão Preto, e a cidade, como centro de referência da pesquisa agropecuária regional. “A localização privilegiada da escola e a vocação diversificada dos empresários agroindustriais promovem esse desenvolvimento – um vive para o outro”, define o vice-diretor da universidade, Roberval Daiton Vieira. Jaboticabal abriga o campus da Unesp com maior produção científica e um dos cinco melhores, entre os 70 cursos de Agronomia do País.

Também é a faculdade com maior número de titulação do Brasil: 98% dos professores são, no mínimo, doutores, que lecionam para 1.010 alunos de graduação e 800 de pós-graduação. Em 2002, virá o curso de Biologia, para se somar aos de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia. O lugar é um dos berços do Projeto Genoma: “O da cana é um dos mais importantes do mundo e há outros sequenciamentos em pesquisa: café, citros e eucalipto”, acrescenta Roberval. A universidade tem muito a ver com a alta tecnificação das empresas da região e com a formação de boa parte dos empresários e de seus funcionários. O reflexo é direto, como, por exemplo, nas duas usinas de açúcar de Jaboticabal – São Carlos e Santa Adélia – as maiores empresas da cidade, e que estão entre as mais produtivas do País.

Nesta safra, a Santa Adélia moeu 1,94 milhão de toneladas de cana, para fazer 150 mil toneladas de açúcar e 84,29 milhões de litros de álcool; enquanto a São Carlos fez 120 mil toneladas de açúcar e 67 milhões de litros de álcool, com 1,66 milhão de toneladas de cana. Juntas, elas empregam 4.360 trabalhadores. A unidade de grãos da Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba (Coplana) faz o beneficiamento completo de 25 mil toneladas de amendoim por safra, produzidas por 400 de seus 1.300 cooperados. Este ano, eles exportaram pela primeira vez. E a Itália e o Canadá encomendaram novas remessas para 2002.

A unidade também limpa, seca e padroniza 400 mil sacas de 60 quilos de soja; 300 mil sacas de milho e 1.200 toneladas de sorgo. As 500 toneladas de amendoim que entram por mês na fábrica “Sementes Esperança”, em Jaboticabal, vão para Argentina, Uruguai, México e Nigéria. Esse amendoim também vira paçoca, pé-de-moleque, gibi (granulado), colorido, torrado e granulado para sorvete, e “japonês”, para os campos de futebol. Esses doces levam a marca “Manduhim” – amendoim em tupi-gurani – e logo estarão no exterior. Ela também produz óleo e ração, diz Sidney Bedore, um dos sócios e fundador da empresa, há 14 anos. Apesar da burocracia, da dificuldade cambial e da oscilação de preços, ele aposta na atividade: “O agronegócio é bom negócio”.

A Basilar de Jaboticabal virou “Adria Alimentos do Brasil”, com 400 funcionários para fazer sete mil toneladas de macarrão por mês. “A Adria é líder nacional, mas a quantidade de ovos que ela consome eu não conto. É segredo”, desconversa o diretor de Marketing, José Carlos Abreu. Nos campos dos parceiros do Mercosul, da Costa Rica, Suriname, Colômbia e de todo o Brasil, o nome de Jaboticabal também está nos atomizadores e pulverizadores da K.O. Máquinas Agrícolas, fundada há 36 anos na cidade. Wagner Paris, diretor de Marketing, dá outro exemplo de que o agronegócio é bom negócio: “As vendas crescem 20% ao ano, porque o empresário desse setor está se profissionalizando; a terra vale mais pela tecnologia do que pelo tamanho e, pode observar, as palestras técnicas, que antes atraíam meia dúzia, hoje estão lotadas”. Jaboticabal começou em 1828. João Pinho Ferreira, português e vereador em Araraquara, chegou para demarcar as terras do lugar e encontrou muitas jabuticabeiras. Daí em diante, toda a riqueza se fez em torno do agronegócio, responsável por 70% da receita do município.

Dados

  • População: 67.389 habitantes
  • Receita: R$ 41 milhões
  • Cana: 52 mil ha
  • Amendoim: 4.500 ha
  • Soja: 2.500 ha
  • Milho: 1.100 ha
  • Algodão: 400 ha
  • Rebanho bovino: 15.200 cabeças

Novembro e Dezembro/2001

ABAG/RP