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Miguelópolis: a princesinha do Rio Grande

Em 1895 já havia um aglomerado rústico de casas onde hoje está a cidade de Miguelópolis. As fontes tradicionais da cidade contam que a região já foi habitada por índios Caiapós, fato comprovado pelos artefatos encontrados na região. Situada às margens do Rio Grande, sofreu grande fluxo migratório, tanto de Minas Gerais, devido à decadência da mineração do ouro, como de São Paulo, com a construção da estada de ferro Mogiana, que tirou a região da “era do sertão” e levou para a “era moderna”. Em 1910 foi fundada a vila de São Miguel Arcanjo.

Como já havia um povoado com o mesmo nome, em 1921 a vila passou a ser conhecida como Miguelópolis. A emancipação política aconteceu em 1945. Suas terras fertilíssimas, à beira do Rio Grande, cumpriram todos os grandes ciclos regionais da agricultura: primeiro o café, no início do século 20, depois o algodão, a soja e hoje a cana-de-açúcar. À exceção do café, todas as outras culturas ainda são cultivadas na cidade. O algodão, com seus 6 produtores, resiste, assim como a algodoeira Rio Grande, que tem 43 anos. A algodoeira chegou a ter 180 funcionários, mas hoje emprega 8 pessoas, o suficiente para beneficiar o algodão dos 500 hectares plantados na cidade. São outros tempos. A cidade se adapta. A escola técnica agrícola de Miguelópolis, criada em 1965, atrai alunos de toda a região e de outros estados.

Oferece cursos alternativos como o de técnico em informática e técnico em gestão empresarial, e está em busca de outras habilitações, como química, agroindústria e agro-turismo. A arrecadação de Miguelópolis está centrada em duas fontes: o ICMS e o FPM, Fundo de Participação dos Municípios. O investimento dos últimos três anos se concentrou na infra-estrutura: na destinação adequada do lixo em aterro sanitário; no asfaltamento de 100% das ruas; na rede de água e na coleta e tratamento de esgoto. A estação de tratamento está em fase final de construção e deverá tratar 100% do esgoto da cidade. A rede de saúde conta com 4 unidades básicas de saúde e 4 Programas de Saúde da Família, sendo um rural e uma Santa Casa. A cidade conta ainda com 10 consultórios médicos particulares. Na área da educação, além de 6 escolas públicas de ensino fundamental e médio, possui duas escolas particulares, uma de pré-escola até o cursinho, e outra de ensino profissionalizante, com cursos de magistério e contabilidade.

O empreendedorismo tem sido estimulado pela administração municipal com o intuito de gerar oportunidades, renda e empregos. O fomento ao micro crédito e às capacitações profissionais está direcionado para dois setores em especial: o agronegócio e o turismo. Com 22 mil habitantes, Miguelópolis tem na agricultura e no comércio suas principais atividades. Agora está apostando no turismo como mais um gerador de emprego e renda. De dois a três mil turistas passam pela cidade nos finais de semana durante o verão. O grande atrativo é o piscoso Rio Grande. Os cinco quilômetros da “praia” Airton Senna têm infra-estrutura atraente, com ranchos, clube, pousadas, restaurantes e trapiches para a pescaria. A cidade é conhecida também como capital do Tucunaré, peixe introduzido na região devido à formação dos grandes lagos de hidroelétricas na região. Histórias de pescaria alimentam as conversas na praça.

A última saiu até na imprensa regional. Um comerciante de Viradouro levou para a TV o Tambaqui (foto) de 42,5 quilos que disse ter pescado com vara, em Miguelópolis. Exibida a matéria, o verdadeiro pescador apareceu e mostrou as fotos do dia da pescaria. O Tambaqui, na verdade, foi vendido ao comerciante, que pagou para poder contar sua estória de pescador. A fama durou um dia. É mais uma história para ser lembrada na cidade.

Dados

  • Propriedades: 652 - média de 80 ha
  • Cana-de-açúcar: 45 mil ha – 85 ton/ha
  • Soja: 20 mil ha – 48 sacas/ha
  • Sorgo safrinha: 14 mil ha – 43 sacas/ha
  • Milho: 600 ha – 110 sacas/ha
  • Algodão: 500 ha
  • Pasto: 6 mil ha

Fonte: Casa da Agricultura de Miguelópolis.

Janeiro/2008

ABAG/RP