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Módulo - Papel e Florestas Plantadas

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O caminho para se chegar ao papel foi muito longo, mas definitivo para mudar a forma de disseminação da comunicação.

Desde os tempos das cavernas o homem já registrava seus pensamentos e ações, por meio de pinturas rupestres. As marcas feitas por eles, usando sangue de animais, barro e líquidos extraídos de folhas e flores são o testemunho da história gravada em pedras, nas paredes de cavernas.

A escrita surgiu antes do papel. Há mais de 6 mil anos, as palavras eram inscritas em tabuletas de pedras ou argila. Muitos outros materiais também foram utilizados para gravar as palavras, e variavam de região para região: cascas de árvores, na América pré colombiana; folhas de palmeiras, na Índia; ossos, e até tecidos de seda, na China.

 

 

Somente por volta  de 3000 a.C. é que os egípcios inventaram o papiro, extraído da planta Cyperus papyrus, que crescia às margens do rio Nilo, no Egito. Com as fibras dos talos da planta eram fabricadas cordas, barcos e o papiro, destinado à escrita.

O papiro foi o principal suporte da escrita dos povos mediterrâneos, porém, conta a história que temendo sua escassez, os egípcios proibiram a exportação do produto no século II d.C. (McMurtrie, 1965)

O rei de Pérgamo, Eumenes II, para suprir a falta do papiro, estimulou que  fossem usadas peles de animais para a finalidade da escrita. Os habitantes de Pérgamo criaram  então o pergaminho, cuja utilização atravessou a Idade Média, porém o custo era muito alto. Para imprimir a Bíblia de Gutenberg, por exemplo, seriam necessárias peles de 300 carneiros.

 

Você sabia que os pergaminhos são usados até hoje? Eles são a matéria prima no processo de confecção de diplomas, certificados e títulos honoríficos, por exemplo.

Você sabia que o Brasil é o 10º maior produtor de papel do mundo, e o 2º maior produtor mundial de celulose?

Desde o século XIX, árvores são plantadas com o intuito de produzir madeira e resina. O setor brasileiro de papel e celulose é referência em todo o mundo por causa da qualidade de sua matéria prima certificada, e por possuir uma base florestal plantada, de origem sustentável.

Fonte: UNESP (https://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/Ensino_Fundamental/Origami/Documentos/indice_origami_papel.htm)

 

Florestas plantadas (conteúdo IBÁ)

As árvores plantadas são uma matéria-prima renovável e amigável ao meio ambiente e à vida humana. O Brasil possui 9 milhões de hectares plantados de eucalipto, pinus e outras espécies para a produção de painéis de madeira, pisos laminados, celulose, papel e energia.

 

As árvores plantadas são responsáveis por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais no país. Os demais 9% vêm de florestas naturais legalmente manejadas.

Um pouco da história das florestas plantadas no Brasil

No Brasil, os plantios de florestas começaram há mais de um século. Em 1903, o pioneiro Navarro de Andrade trouxe mudas de eucalipto (Eucalyptus spp.) para plantios que produziram madeira para dormentes das estradas de ferro.

Em 1947 foi a vez do pinus (Pinus spp.). Essas espécies se desenvolveram bem nas regiões onde foram introduzidas, como no Sul do Brasil. O Eucalipto se adaptou aos cerrados paulistas. Como os recursos naturais da Mata Atlântica há muito vinham sendo dilapidados, o plantio dessas espécies tornou-se alternativa viável para suprir a demanda de madeira.

A década de 70 foi marcada pela política de incentivos fiscais para o reflorestamento, possibilitando a ampliação do estoque de madeira nesses plantios. Desde então foram feitos investimentos em pesquisas sobre a silvicultura, mais profundamente no cultivo dessas espécies, consolidando o uso delas em plantios comerciais.

O Brasil detém as melhores tecnologias na produção do eucalipto, atingindo  a produtividade de cerca de 60m³/ha, em ciclos de sete anos. Existem plantios comerciais de outras espécies, como Acácia (Acacia mearnsii), Seringueira (Hevea spp.), Teca (Tectona grandis), Paricá (Schizolobium parahyba), Araucária (Araucaria angustifolia) e Álamo (Populus sp.).

Algumas importantes funções das florestas plantadas são:

  • Diminuição da pressão sobre florestas nativas;
  • Reaproveitamento de terras degradadas;
  • Sequestro de carbono;
  • Proteção do solo e da água;
  • Ciclos de produção mais curtos em relação aos países de clima temperado;

 

Fonte: IBÁ , ano XX.

Produtos Florestais

Flores, frutos, galhos, cascas, madeira e resinas estão presentes em nossas casas e atividades cotidianas, na construção civil, na fabricação de móveis, diversos tipos de papéis para a produção de livros, cadernos, embalagens, papel higiênico, guardanapos, medicamentos, cosméticos, entre outros. 

 

Curiosamente os produtos florestais são usados presentes nos processos produtivos de molhos (tipo barbecue), sorvetes, xaropes, cremes de leite, sucos, rações para animais, esmaltes, cápsulas de remédios, repelentes naturais, desinfetantes, sabões, filtros de purificação, tecidos, cosméticos, fraldas, e também nos mais evidentes, como lápis, papéis, embalagens, painéis de madeira, pisos laminados, livros e cadernos; passando também pelos combustíveis, solventes, adesivos, tintas, conservantes, fibras de carbono, energía, mantas asfálticas, entre outros.

Celulose

No Brasil, as duas principais fontes de madeira utilizadas para a produção de celulose são as árvores plantadas de pinus e de eucalipto, responsáveis por mais de 98% do volume produzido. A celulose também pode ser obtida de outros tipos de plantas, não-madeiras, como: bambu, babaçu, sisal e resíduos agrícolas (bagaço de cana-de-açúcar). O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking dos maiores países produtores de celulose no mundo.

Após o cultivo, crescimento e colheita das árvores plantadas, a madeira é descascada e picada em pequenos pedaços, chamados cavacos. Em seguida, os cavacos são selecionados para remoção de lascas e serragens, e depois são submetidos a processos mecânicos e químicos para a produção da celulose.

 

Na primeira etapa desse processo, os cavacos são submetidos a um cozimento, em um equipamento chamado digestor, com a utilização de água, produtos químicos, pressão e temperaturas da ordem de 150ºC. O objetivo é separar as fibras de celulose da lignina. Essa substância une as fibras aumenta a rigidez da parede celular vegetal, e constitui, juntamente com a celulose, a maior parte da madeira das árvores e arbustos.

Depois da separação, as fibras celulósicas formam uma pasta marrom que, na próxima etapa, passa por uma série de processos e reações químicas, responsáveis por depurar, lavar e branquear essa polpa até a alvura (brancura) desejada.

Após essas etapas, a celulose seguirá, basicamente, dois caminhos distintos:

  • Será bombeada para uma máquina de papel – no caso de fábricas integradas (que têm base florestal e produzem celulose e papel);
  • Passará por um processo de secagem e será estocada em fardos, para posterior comercialização para fábricas de papel, como celulose de mercado.

A lignina, após a separação das fibras, não é descartada. Ela passa por outro processo que gera energia e, ao mesmo tempo, recupera os reagentes químicos usados no cozimento.

Papel

O papel é um dos produtos mais consumidos no mundo e, há séculos, faz parte do cotidiano da humanidade. Como ferramenta para produtos ligados à educação, comunicação e informação para a maioria das pessoas. Usado em livros, jornais, revistas, documentos e cartas e, assim, contribui para a transmissão do conhecimento. Serve, também, a um amplo espectro de usos comerciais e residenciais, a exemplo das caixas para transporte de mercadorias, das embalagens que protegem alimentos, produtos para higiene e limpeza, e centenas de outros exemplos.

Para suprir a necessidade de papel é primordial a produção e consumo de matéria-prima dentro de padrões sustentáveis. Esse é um desafio para o qual a indústria está atenta, inovando e investindo.

É importante ressaltar que o papel produzido no Brasil tem origem nas árvores plantadas, que são recursos renováveis. Além disso, ele é reciclável, ou seja, grande parte retorna ao ciclo produtivo após o primeiro consumo. A indústria avança também com melhorias contínuas para uma produção mais limpa e de menor impacto.

O Brasil é um importante produtor mundial de papel, e além de abastecer o mercado doméstico, exporta para países da América Latina, União Europeia e América do Norte.

 

Carvão Vegetal

O carvão vegetal é o produto que resulta da queima ou carbonização da madeira. Ele é muito usado no dia a dia como combustível para aquecedores, lareiras, churrasqueiras e fogões a lenha. Além disso, o carvão vegetal também é usado em alguns setores industriais, como as siderúrgicas.

No Brasil, o setor siderúrgico utiliza um recurso chamado redutor bioenergético, que é um recurso renovável vindo de matéria orgânica, como plantas ou animais, para produzir energia. Esse setor tem crescido muito na produção de aço a partir do carvão vegetal. Em 2023, segundo o SINDIFER, a indústria de siderurgia e aço produziu 7,6 milhões de toneladas de ferro gusa usando carvão vegetal, o que corresponde a 24% da produção total de aço, que foi de 31,3 milhões de toneladas. As empresas que produzem aço também plantam muitas árvores para produzir carvão vegetal. Em 2023 eram 939,6 mil hectares de árvores plantadas para esse fim, além de apoiarem o plantio feito por outros produtores, ajudando a fortalecer a atividade de cultivo dessas florestas.

Entre essas vantagens estão a produção de um ferro gusa de melhor qualidade e a ajuda para que a indústria do aço no Brasil emita menos CO₂ por tonelada de aço, quando comparada a outros países. Além disso, as florestas usadas para produzir o carvão absorvem CO₂ da atmosfera durante a fotossíntese, ajudando a compensar as emissões da indústria.


Nos últimos anos, a produção de carvão vegetal no Brasil tem se mantido estável, com uma pequena queda de 3,7% em 2023 em relação a 2022. O país continua sendo o maior produtor mundial, com 6,7 milhões de toneladas produzidas em 2023, quase total e destinada ao mercado interno (SINDIFER, IBGE e ESG Tech, 2023).

Lenha

 

A substituição da lenha do extrativismo pela lenha produzida na silvicultura, associada ao crescimento das indústrias de celulose e papel, cerâmicas, siderurgia a carvão vegetal e da agroindústria, entre outras, faz com que o volume consumido e a produção de lenha de árvores plantadas aumentem a cada ano. Proveniente de reflorestamento, a lenha é utilizada por meio da sua queima direta, ou pela sua combustão, gerando o carvão vegetal utilizado em residências ou na indústria.

 

É importante ressaltar que a utilização da lenha em propriedades rurais e industriais, como fonte de energia, contribui para o crescimento sustentável dos setores consumidores de biomassa florestal, uma vez que o processo reduz o consumo de combustíveis fósseis e utiliza uma matéria-prima renovável, a árvore, para geração de energia.




Pellets

 

Pellets são pequenos granulados feitos de resíduos de madeira reciclados semelhantes à ração de cães e que podem ser queimados, sem fumaça, de forma totalmente automática e com uma economia ao redor de 50% quando comparados com o gás e seu poder calorífico chega a mais do que o dobro de madeira natural. Os pellets ficam armazenados em um silo que alimenta o aquecedor automaticamente sempre que necessário. A temperatura da água é determinada pelo próprio usuário.

 

Os pellets de madeira são produzidos a partir de serragem de madeira refinada e seca, e posteriormente comprimida.

 

O uso de pellets pelo setor industrial é mais forte em países onde a produção de energia elétrica é baseada na queima de biomassa, como Suécia, Dinamarca, Holanda, Bélgica e Reino Unido. Países como Alemanha, Itália e Áustria, bem como os da América do Norte, têm suas demandas focadas no aquecimento residencial. Em ambos os casos, mecanismos de incentivos têm sido importantes para o crescimento e direcionamento dessas demandas.

 

O Brasil tem grande potencial de aproveitamento da biomassa florestal na produção de pellets para atender à demanda nacional e internacional, apesar de sua produção ainda ser modesta.

 

A produção brasileira de pellets vem crescendo na última década, sendo que os últimos três anos apresentaram estabilidade. As exportações cresceram 17% em relação a 2022, enquanto o mercado interno demonstrou redução de 38%. Com o crescimento da produção de pellets no Brasil, o país aparece na 15ª posição dos principais países produtores, com 0,7 milhão de toneladas produzidas (Fonte: Comex, 2023; FAO, 2022).

 

Existem projetos no Brasil, alguns de cunho experimental e outros visando a escalas comerciais, com o objetivo de consolidar essa nova fronteira de produtos no Brasil.

 

Pisos Laminados

 

O piso laminado é um dos principais tipos de piso produzidos a partir da madeira. É fabricado a partir de árvores plantadas para fins industriais (pinus e eucalipto), que são fontes de matéria-prima renovável e reciclável.

 

Desenvolvido com avançada tecnologia, é utilizado em residências, comércio e ambientes corporativos.

 

Entre os principais diferenciais do piso laminado, reconhecidos pelos consumidores, estão: qualidade, praticidade, durabilidade, facilidade e rapidez na instalação, além de conforto, beleza e proteção antibacteriana.

 

Lançado na Suécia em 1980, o piso laminado chegou ao Brasil em 1994, por meio de importações. Devido à sua rápida aceitação no mercado brasileiro, a fabricação no país teve início em 1999.

 

Biomassa

 

A biomassa é um recurso renovável que vem da matéria orgânica, como plantas e restos animais, e responde por cerca de 8,55% da energia que o Brasil consome. Além de gerar energia limpa, ela ajuda a diminuir a quantidade de resíduos produzidos pelas atividades humanas.

 

Existem dois tipos principais de biomassa: a tradicional, como lenha e resíduos naturais, e a moderna, que usa tecnologias avançadas para transformar materiais em energia, como os biocombustíveis líquidos, pellets, briquetes, e o uso do bagaço da cana-de-açúcar.

Cultivos energéticos são plantas e culturas feitas especialmente para produzir biomassa. Exemplos são florestas plantadas, cana-de-açúcar, oleaginosas como soja e dendê, forrageiras e até microalgas. Esses cultivos têm ganhado atenção por serem mais sustentáveis para o meio ambiente.

A Embrapa tem feito muitas pesquisas para entender e reduzir os impactos das atividades agroindustriais no meio ambiente e nas próprias culturas energéticas. Entre as soluções estão sistemas integrados de produção (como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) e o desenvolvimento de variedades melhoradas de eucalipto, capim-elefante e mamona, que produzem mais biomassa e com menor impacto ambiental.

No Brasil, o bagaço da cana-de-açúcar é a principal fonte para gerar energia elétrica, mas outros resíduos agrícolas, como casca de arroz, castanha, amendoim e coco, também são usados para isso.

 

A biomassa pode ser usada de várias formas:

  • Para gerar calor e energia térmica (como carvão vegetal e resíduos agroflorestais);
  • Para produzir biocombustíveis líquidos, como álcool e biodiesel, usados em motores;
  • Para gerar eletricidade, com tecnologias que queimam ou transformam os resíduos em gases.

 

As florestas energéticas, plantadas só para produzir biomassa, ajudam a gerar energia limpa, criar empregos e preservar ecossistemas, pois diminuem a pressão sobre florestas naturais.

 

Hoje, o Brasil conta com cerca de 630 usinas movidas a biomassa, que juntas somam 16,7 GW de capacidade instalada. Isso ajuda a descentralizar a produção de energia e a reduzir os gases que causam o efeito estufa, já que a biomassa captura CO₂ enquanto cresce.

 

Além da energia, a biomassa serve para produzir biogás, fertilizantes, ração animal, produtos químicos, plásticos verdes e para o tratamento de resíduos urbanos e industriais.

 

Fontes:

Ministério de Minas e Energia, 2023

EMBRAPA – Uso da Biomassa para a Geração de Energia, 2016

EMBRAPA – Biomassa e sua participação na matriz energética brasileira, 2015



Fonte: SNIF - Florestas Plantadas

Fonte: Plano Nacional de Florestas Plantadas

 

Transição Transição

Antes de seguirmos para o próximo capítulo, que tal fazer um café nota 10?

 

O café coado por filtro de papel ou pano é o preferido da maioria dos consumidores, segundo o barista Felipe Brazz, porque resulta em uma bebida harmônica. Mas como fazer um café nota 10?

Tudo começa com a escolha de um bom café, moído na maneira certa para o método de preparo, para o coador, de pano ou papel, a indicada é a média (que lembra grão de areia). A água deve ser sempre filtrada e fervida até fazer bolhas grandes, nunca menos que 90 graus. O coador, de pano ou papel, deve sempre ser escaldado. A proporção de café é fundamental: normalmente 10 para um, 1 colher de café (10gr) para 100 ml de água. Agora um segredinho: com o pó no filtro, cobrir com água para hidratar, depois colocar o restante da água em movimentos circulares. Para aproveitar todo o aroma e sabor, o café deve ser consumido imediatamente.

 

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ABAG/RP