Marcos Matos
Diretor-executivo da ABAG/RP
O Agronegócio sustentou o saldo comercial do Brasil nos últimos anos e continuará a se destacar na composição da taxa de crescimento da economia.
Projeta-se que o setor (indo de insumos à distribuição de seus produtos) cresça perto de 2,6%, com a agropecuária (segmento primário) especificamente expandindo-se 5,8%, taxas que contrastam fortemente como o valor próximo de zero estimado para a economia como um todo.
Nos anos seguintes, o setor deve continuar desempenhando papel semelhante.
Para este 2015, as preocupações do setor produtivo se acentuam frente aos desafios esperados por toda a economia.
O temor também reflete a continuidade dos indiciadores obtidos em 2014, como o crescimento do PIB de apenas 0,15% e a balança comercial com déficit de US$ 3,930 bilhões.
O saldo do comércio internacional do país não era deficitário no fechamento de um ano desde 2000, quando registrou um balanço negativo de US$ 731 milhões.
Na comparação com o ano anterior, as exportações brasileiras caíram em ritmo superior às importações. As vendas recuaram 7% e as compras, 4,4%.
O déficit apresentado na balança comercial reflete a atual situação da indústria nacional, com a significativa queda nas vendas de produtos manufaturados. Somado a isso, o preço do minério de ferro perdeu quase 50% do valor durante todo o ano e a economia global desacelerou.
Pela primeira vez desde 2009, o complexo soja, com vendas totais de USD 31,3 bilhões, superou o minério de ferro e liderou as exportações da balança comercial.
O Agronegócio é um setor estratégico para a economia brasileira e, especialmente em 2015, pode ser o grande condicionante do seu desempenho.
Representando 23% do PIB brasileiro, ele pode ser o único setor com crescimento mais expressivo diante das dificuldades enfrentadas pela indústria, patamares menores de investimentos e do setor de serviços em processo de esgotamento.
Diante do contexto, as propostas apresentadas pelo Agronegócio poderão beneficiar a toda economia.
O Brasil precisa de um projeto de longo prazo, com políticas de Estado que reduzam a carga tributária, um dos maiores gargalos do custo Brasil, bem como os procedimentos burocráticos.
Somado a isso, o Brasil necessita implantar políticas econômicas alicerçadas na estabilidade e transparência para a formação de um ambiente favorável aos negócios e que atraia novos investimentos, por meio do maior engajamento entre o setor público e privado.