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Produtores comemoram primeira venda de créditos de cana-de-açúcar via Bonsucro

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Produtores que fazem parte da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba) comemoram a conclusão de sua primeira venda de créditos de cana-de-açúcar com certificação ambiental pela Bonsucro.

Segundo informações da Socicana, as negociações tiveram início em janeiro deste ano, e, no dia no dia 29 de julho, os produtores Paulo de Araújo Rodrigues, de Guariba, SP, e Roberto Cestari, Jaboticabal, SP, concluíram suas primeiras vendas de créditos de cana-de-açúcar certificada pela Bonsucro para um comprador em outro país, uma indústria internacional de chocolates.

A conclusão ocorreu com a efetivação do pagamento, no início deste mês de dezembro. A primeira transação foi realizada em um ambiente de marketplace, ou seja, uma plataforma digital de compra e venda, uma iniciativa da Bonsucro.

Socicana foi a primeira Associação no mundo a formalizar este tipo de comercialização. Somente os produtores que possuem a certificação Bonsucro podem realizar a venda destes créditos de cana, associados à parte de sua produção que é certificada.

O grande benefício, de acordo com a Socicana, é que ao mesmo tempo os produtores podem continuar vendendo sua cana física normalmente para a usina. Como referência, um crédito de cana Bonsucro é igual a uma tonelada de cana produzida em conformidade com os padrões de sustentabilidade da iniciativa, que leva em consideração boas práticas ambientais, sociais e econômico-operacionais.

A plataforma de comercialização de créditos da Bonsucro oferece uma alternativa de recompensa aos produtores pelos esforços e investimentos que foram necessários no processo de certificação. Desta forma, valida todo o trabalho na propriedade direcionado a uma produção a cada dia mais sustentável. Os créditos também maximizam a exposição dos agricultores no mercado e representam agregação de valor em sua remuneração.

De acordo com o superintendente da Socicana, Rafael Kalaki, o produtor certificado passa agora a ter mais uma opção de receita. Pode vender a produção de cana-de-açúcar para a usina, buscar com esta um reconhecimento pela certificação ou, então, vender a matéria-prima como uma produção convencional e comercializar os créditos referentes para qualquer empresa interessada.

“Trata-se de uma valorização e um incentivo para produção sustentável. Esta iniciativa permite ao produtor acessar diretamente os clientes finais e ofertar sua produção diferenciada” afirma Kalaki.

Esta foi a primeira venda deste tipo de produto e é uma nova oportunidade para agregar valor à produção de cana. Ainda de acordo com Kalaki, a Socicana conseguiu ser pioneira neste processo, pois foi a primeira associação do Brasil a ter certificação Bonsucro com controle de cadeia de custódia. Posteriormente, foi a primeira a ofertar os créditos na plataforma. Agora, é a primeira a comercializar estes créditos.

O produtor Paulo de Araújo Rodrigues realiza o trabalho com a Bonsucro há cerca de sete anos. “Nossa história com a Bonsucro começou há bastante tempo, primeiro quando decidimos, junto com a Socicana, que era importante desenvolver um programa de certificação para os produtores da nossa região. Depois de pesquisado, decidimos pela Bonsucro por sua qualidade, representatividade e importância no setor. No início, o produtor não podia fazer a sua certificação individualmente, apenas se estivesse ligado a uma usina processadora de cana. Foi o trabalho capitaneado pela Socicana que levou a Bonsucro a reconhecer a importância dos produtores para que pudessem ter a sua certificação individualmente”, afirmou Rodrigues.

Paulo Rodrigues: “A certificação é praticamente um passaporte carimbado por alguém de fora do nosso negócio, dizendo que fazemos as coisas de uma maneira adequada, tanto do ponto de vista técnico, como ambiental, como do ponto de vista social.”

Paulo Rodrigues: “A certificação é praticamente um passaporte carimbado por alguém de fora do nosso negócio, dizendo que fazemos as coisas de uma maneira adequada, tanto do ponto de vista técnico, como ambiental, como do ponto de vista social.”

 

Segundo Rodrigues, a certificação trouxe o almejado diferencial de mercado, com a possibilidade de vender os créditos. “A certificação é praticamente um passaporte carimbado por alguém de fora do nosso negócio, dizendo que fazemos as coisas de uma maneira adequada, tanto do ponto de vista técnico, como ambiental, como do ponto de vista social. É obvio que quando buscamos a certificação, fizemos investimentos para que atingíssemos todos os padrões necessários”, revela.

A importância dos créditos, de acordo com o produtor, é um reconhecimento econômico e financeiro pela qualidade do processo produtivo. “O fato dos créditos serem hoje reconhecidos e permitirem que possamos comercializá-los é um avanço bastante grande para o processo de certificação”, concluiu.

O associado Roberto Cestari avalia as mudanças práticas na propriedade. “Depois que nós iniciamos com a Bonsucro, começamos a ter uma visão extremamente profissional dentro de nossa atividade. Na prática, vemos a certificação como um aperfeiçoamento com nossos colaboradores, com a segurança do trabalho, legislações ambiental e trabalhista, devido a todo esse enquadramento e exigências que a certificação nos traz. Isso ameniza nossos riscos da atividade”, afirma Cestari.

A primeira venda destes créditos pela plataforma da Bonsucro pode abrir um novo caminho para a valorização dos produtores.

A primeira venda destes créditos pela plataforma da Bonsucro pode abrir um novo caminho para a valorização dos produtores.

 

Ainda de acordo com ele, é uma compensação sobre o investimento realizado. “Qualquer produtor rural que venha a optar por uma certificação precisará realizar investimentos, mas com certeza será diferenciado no mercado, valorizando o produto dentro de uma remuneração diferente de um produto não certificado. Com certeza, um produto certificado precisará ser bem mais remunerado. O importante disso é que sempre que conseguimos um acréscimo econômico dentro da nossa atividade, isto retorna para a própria atividade”, afirma.

Bom negócio para compradores

Os créditos são um bom negócio para os compradores, que podem transpor as restrições governamentais impostas ao comércio de produtos derivados da cana, tais como cotas.

Segundo Livia Ignácio, gerente Brasil da Bonsucro, a transação representa o reconhecimento dos compradores e seu apoio às melhores práticas ambientais, sociais e operacionais da produção de cana-de-açúcar. Dessa forma, incentiva e pratica o compartilhamento de valor criado na cadeia produtiva.

A primeira venda destes créditos pode abrir um novo caminho para a valorização dos produtores. “A primeira venda de créditos de cana Bonsucro representa um marco para o reconhecimento da produção de cana sustentável no Brasil e para a entrada oficial dos produtores certificados nesse mercado. Com essa nova modalidade que é o crédito de cana, os produtores podem negociar sua produção certificada diretamente na plataforma. Do lado dos compradores, há um crescente interesse em promover boas práticas agrícolas “direto na fonte”, e o crédito de cana Bonsucro torna isso realidade”, concluiu a gerente Brasil da Bonsucro.

O valor dos créditos vendidos pelos produtores de cana não foi divulgado pela Socicana e Bonsucro.

Fonte: Revista RPAnews, Natália Cherubin, com informações da Socicana.

ABAG/RP