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Café, cana e laranja: aposta de Restinga

Duas casas e uma beneficiadora de café. Era assim o povoado de Restinga quando, em 1887, chegaram os trilhos da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro. O nome foi escolhido em homenagem a uma antiga fazenda vizinha. A instalação da estação atraiu comerciantes e fazendeiros para o local. O povoado foi ganhando vitalidade econômica, até que em 1911 se tornou distrito de Franca.

Local privilegiado para o plantio do café, por sua altitude: 910 metros e clima temperado, também sofreu com a crise de 1929, como toda a cafeicultura brasileira. A recuperação aconteceu com a diversificação da agricultura, com o plantio de cereais e com o incremento tecnológico na criação de gado. A elevação a município aconteceu em1964. A histórica estação ferroviária está preservada. Abriga os departamentos de Educação, Cultura e Esportes, além de um anfiteatro. Com quase 6 mil habitantes Restinga tem um quinto de sua população vivendo no campo, o grande esteio da economia restinguense. Cerca de 80% da arrecadação municipal é proveniente da atividade rural. O maior empregador é a agropecuária, principalmente a cana-de-açúcar e o café, as maiores culturas. Quem planta café, planta cana também, uma cultura complementa a outra.

Os tradicionais cafeicultores aproveitaram a chegada da cana para investir em café de qualidade, com alta produtividade. Uma terceira cultura está chegando à cidade, a laranja. Grupos fortes da citricultura, fugindo das doenças das áreas tradicionais, estão apostando na cidade. 600 mil pés estão sendo plantados. Este novo tripé agrícola pode significar uma nova virada para Restinga. Típica cidade do interior de São Paulo, sofre uma forte influência de Minas, principalmente no sotaque e no jeito de ser das pessoas. Pacata e aconchegante, está há pouco mais de 8 quilômetros de Franca, o que garante facilidades de cidade grande e tranqüilidade de cidade pequena. Restinga perdeu, em maio último, a única agência bancária, mas ninguém reclama. Muitos dos seus moradores trabalham em Franca, principalmente nas fábricas de calçados. A cidade é fornecedora de matéria-prima para as fábricas de Franca, com 3 curtumes em pleno funcionamento. A infra-estrutura local: água, esgoto, iluminação e asfalto só não é 100% porque foi aberto um loteamento novo, em uma antiga fazenda. Na área da educação a prefeitura é responsável pelos alunos do ensino básico até a 8ª série.

Os alunos de 5ª a 8ª séries utilizam material apostilado, de uma de uma rede particular. Do pré até a 4ª série o método tradicional tem algumas inovações. Na escola rural, que fica em um assentamento, cerca de 100 crianças estudam em tempo integral. Na área urbana a escola do ciclo fundamental oferece ambientes diferenciados com sala de cinema, estúdio de rádio (totalmente informatizado), biblioteca virtual e monitoramento por câmeras. Os pais podem assistir, em tempo real, as atividades dos filhos. Duas turmas permanecem em tempo integral na escola. É uma experiência que deve ser gradualmente aumentada. O que falta é espaço físico. No período da tarde a escola atende somente alunos da área rural. 10 ônibus fazem o transporte diário das crianças, que saem de casa por volta das 10 horas da manhã e retornam no começinho da noite. Em horário oposto ao das aulas, o CER, Centro Educacional de Restinga, oferece aulas de natação, capoeira, dança teatro, música, artesanato e reforço escolar.

O Grupo da Melhor Idade atende cerca de 180 idosos, oferecendo diversão e atividades físicas. Na área da saúde o município de Restinga tem amplo sistema com um Centro de Saúde Central, um Posto de Saúde da Família e um Centro de Saúde no Assentamento (Horto Florestal Boa Sorte). A população conta ainda com atendimento especializado, com médicos ginecologistas, pediatras e cardiologistas. Dentistas trabalham no Centro de Saúde e nas unidades escolares, além de psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Atendimentos mais complexos são feitos em outros municípios. A grande festa da cidade é a Festa do Peão e Boiadeiro, que no mês de abril atrai cerca de 30 mil pessoas da região.

O recinto é um dos melhores do interior, com um palco de alvenaria com 18 metros de frente. Aliás, festa é o que a cidade mais gosta. Tudo é motivo para reunir a população: baile para a escolha da rainha da Festa do Peão, iluminação da praça para o Natal, arraiá do povão, desfile das crianças... Tudo é festa, mas a maior acontece em julho, quando chegam à cidade as crianças que moram na praia e vêm conhecer a vida no interior. Um programa que já dura mais de 20 anos, com o apoio da Secretaria Estadual da Educação. Em janeiro é a vez da meninada do interior ir conhecer a praia. Imagine a festa que acontece quando elas vêem o mar pela primeira vez.

Dados

  • Propriedades: 180 com média de 150 ha
  • 155 lotes de assentamento
  • Cana-de-açúcar: 15.000 ha
  • Café: 2.400 ha / 9 milhões de pés
  • Pastagem: 6.000 ha
  • Rebanho misto: 3.000 cabeças
  • Milho: 200 ha
  • Arroz 150 ha
  • Soja: 150 ha

Fonte: Cati Restinga.

Setembro/2008

ABAG/RP