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Tabatinga: a pujança do agronegócio e a maciez da pelúcia

A fundação de Tabatinga está intimamente relacionada à expansão da cultura cafeeira para o oeste paulista, ocorrida a partir de 1850. Os Campos de Araraquara, região onde se situa Tabatinga, foram abertos no século XVIII para a passagem dos bandeirantes que buscavam ouro em Goiás e Mato Grosso. Dos dois grandes núcleos: a Fazenda Santana e a Fazenda São João das Três Barras vieram as terras doadas, que deram origem ao núcleo urbano do município em 1896, então chamado de Jacaré das Três Barras.

O nome foi mudado para Tabatinga por existir, à margem do Córrego do Cavalo, uma bela e vistosa casinha branca que chamava a atenção de todos. Tabatinga, em tupi-guarani significa casa branca. O desenvolvimento econômico no início do século passado, até 1930, se deu por conta da plantação de café e do entroncamento da linha férrea, aonde chegava o gado para ser enviado ao Mato Grosso. Com a mudança da linha férrea para Bauru e com a crise cafeeira a cidade estagnou. Foram quase 50 anos de “sobrevivência”, como contam os mais velhos. O algodão e o milho substituíram o café, mas não trouxeram riqueza. Foi nos anos 80, com o crescimento da citricultura, que Tabatinga encontrou novamente o caminho do desenvolvimento. 1989 e 1990 foram os grandes anos para a cidade, que até hoje tem a laranja como carro-chefe da economia.

A cidade de 12 mil habitantes tem sua arrecadação de impostos concentrada na agropecuária, 85%. É na zona rural, na contramão da tendência, que moram 1/3 dos tabatinguenses. A laranja e a cana-de-açúcar, no campo, e os bichos de plush e pelúcia, na cidade, formam o atual tripé de desenvolvimento de Tabatinga. Há cerca de 8 anos a família Nanaka foi trabalhar no Japão. Juntou capital, voltou para a cidade e montou uma fábrica desses bichinhos. A proximidade com Ibitinga, terra do bordado, ajudou na divulgação. Hoje são 22 fábricas e dezenas de serviços terceirizados ajudando a criar a fama de “Capital do Bicho de Pelúcia”. A diversificação trouxe mais empregos, renda e esperança.

O comércio continua tímido. Não existem tantas lojas como se esperava, apenas as de fábrica, mas uma feira já foi oficializada para divulgar a produção local. São 5 anos de feira. Os compradores, antes apenas paulistas, agora vêm de diversos estados. O plano é agregar à fabricação o turismo de negócios. Há um caminho imenso a ser percorrido. A cidade possui apenas um hotel e dois restaurantes. Enquanto isto o agronegócio local também busca agregação de valor. O café, hoje plantado por poucos produtores, é beneficiado na própria cidade. A laranja também é processada em Tabatinga e vende suco concentrado diretamente às escolas e indústrias. O mel produzido artesanalmente vira cachaça e até vinho, de acordo com a Cati. O desenvolvimento de Tabatinga já volta a ser sentido. O aterro sanitário foi inaugurado há cinco meses.

A estação de tratamento de esgoto fica pronta em meados do ano que vem. A rodoviária está em plena reforma, e a Santa Casa, que foi assumida pelo município, está com a saúde perfeita. Não há desemprego. As crianças estão na escola. Os programas sociais funcionam e a violência só no noticiário. O clima de cidade pequena, onde todo mundo se conhece, gera histórias engraçadas. No mês de agosto um estranho começou a circular muito pela cidade. Alguns moradores pediram que a polícia averiguasse, e assim foi feito. Era um fugitivo de uma penitenciária no interior de São Paulo. O homem foi preso imediatamente, por conta de um sentimento de unidade que só existe nas cidades pequenas. O espírito de comunidade é o que mais importa. Os tabatinguenses não têm do que reclamar.

Dados

  • Propriedades: 1.000, sendo 85% menor que 50 ha
  • Área Total Município: 37.500 ha
  • Pastagem: 15.000 ha
  • Gado de Corte: 9.000 cabeças
  • Laranja: 600 produtores / 3 milhões e 300 mil pés
  • Cana-de-Açúcar: 6 mil ha
  • Milho: 600 ha
  • Café: 120 ha
  • Goiaba: 30 ha
  • Manga: 30 ha
  • Frango de Corte: 1 milhão e 200 mil cabeças/ ano

Fonte: Cati Tabatinga.

Outubro/2008

ABAG/RP