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Vitórias do agronegócio e do futebol brasileiro

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Em 1958 o Brasil deixou de ser uma promessa ao vencer seu primeiro campeonato mundial de futebol. A frustação de ser vice em 1950, em casa, e a fraca campanha de 54, ficavam para trás. Garrincha e Didi brilhavam e o jovem Pelé surgia para o mundo.

Na agricultura a década de 1950 marcou o início da modernização, em maquinário, e, principalmente, em novas variedades de plantas melhoradas geneticamente.

O mundo buscava resolver o problema da fome através do aumento da produtividade nas lavouras. No Brasil, em 1958, o café era o produto mais exportado, seguido pelo algodão. 64%da população morava no campo.

Nos EUA começava nascer a tecnologia que daria origem à revolução que marcou os anos 1960, a Revolução Verde, quando um pacote tecnológico: sementes modificadas e defensivos químicos, somados ao aumento da mecanização, diminuíram os custos e propiciaram o aumento da produção principalmente de milho e trigo.

A partir de 1962 o faminto México passou a exportar trigo e as sementes desenvolvidas pelo agrônomo Normam Borlaug chegaram aos países mais pobres, amenizando a fome naquele momento. Neste mesmo ano o Brasil sagrou-se bicampeão mundial de futebol.

Em 1970, Normam Borlaug, em reconhecimento a seu trabalho pelo aumento da produtividade e diminuição da fome no mundo recebeu o Prêmio Nobel da Paz, e o Brasil tornou-se o primeiro país tricampeão de futebol. Pelé se tornou rei e a agricultura passou a ter mais um produto na sua lista de produção, a soja aparece pela primeira vez nas estatísticas do IBGE.

O país decidiu substituir a importação via industrialização e usou recursos da agricultura para bancar essa urbano-industrialização.

Neste ano a população urbana já era maior que a rural, 56% dos brasileiros moravam nas cidades.

Nos 24 anos seguintes o futebol brasileiro não conquistou nenhum título mundial. Mas foram anos de conquistas para a agricultura brasileira.

A jovem Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, criada em 1973, revolucionou o país desenvolvendo tecnologias que transformaram a agricultura brasileira e possibilitaram a abertura do cerrado que mudou o padrão da produção de produtos como soja, milho e algodão.

Os pesquisadores da Embrapa se somaram aos do Instituto Agronômico de Campinas, do Instituto Biológico e das universidades, e tantos outros, para proporcionar ao país um novo padrão de tecnologia aplicada ao campo.
Em 1994 o Brasil sagrou-se tetracampeão mundial de futebol.

A agricultura, que já trilhava um caminho ascendente, viu naquele ano a queda da cotação de alguns produtos chegarem até a 40% devido ao Plano Real.

O agricultor teve sua dívida multiplicada e, com os preços baixos dos alimentos, não conseguia arcar com o endividamento, rolava a dívida contraia mais empréstimos. Mesmo assim a agricultura foi a grande responsável pelo sucesso do Plano Real, sendo considerada a “ancora verde” que ajudou a segurar a inflação e a estabilizar a economia.

A soma de tecnologia e eficiência gerencial mudou a cara a agricultura do Brasil. A partir de meados dos anos 1990 o país passa a entender o significado do termo agribusiness, aqui agronegócio: a “soma de todas as atividades antes, dentro e depois das porteiras das fazendas”.

Em 2002, quando a seleção brasileira conquistou o penta campeonato mundial, o agronegócio brasileiro já jogava no time dos “grandes”.

Entre a última copa conquistada, pelo futebol em 1994 e a de 2002, passaram-se oito anos, tempo para o Brasil mais que dobrar sua produção de grãos, saltar de quase 60 milhões de toneladas colhidas para 123 milhões, enquanto a área de produção crescia muito pouco, de 38 para 40 milhões de hectares. Sinal claro da sustentabilidade do agronegócio.

2014 - Copa do Mundo no Brasil

O setor começou este ano de Copa do Mundo comemorando resultados espetaculares da safra passada e esperando mais para a que está em curso. As exportações em 2013 alcançaram a cifra de US$ 99,97 bilhões, 4,3% a mais em relação a 2012, dados da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa).

As importações cresceram 4%, atingindo US$ 17,06 bilhões.

O saldo do comércio exterior do agronegócio foi positivo em US$ 82,91 bilhões, enquanto o do Brasil foi positivo em apenas US$ 2,56 bilhões. O complexo soja, o Pelé do agronegócio, é a grande estrela desses números, sendo responsável por quase 1/3 das exportações.

A produção de grãos, que bate recorde atrás de recorde deve alcançar, em 2014, segundo a Conab, 196,6 milhões de toneladas. É time para vestir a camisa e beijar a bandeira, como fazem os torcedores de futebol.

Para o futebol, que venha o hexa!

ABAG/RP