Essa história é antiga... começou há mais de 6.500 anos a.C.
No Período Paleolítico os homens eram nômades, e precisavam se deslocar em busca de comida, que era obtida por meio da caça, da pesca e do extrativismo.
No período seguinte, o Neolítico, ou Idade da Pedra, o homem caçador-coletor descobriu que era possível cultivar, e passou a se relacionar de maneira diferente com o ambiente à sua volta. Com as novas habilidades desenvolvidas, ele aprendeu a tirar parte de seu sustento da terra.
Graças ao desenvolvimento da agricultura e à domesticação dos animais foi possível produzir alimentos localmente, constituir moradias fixas e formar as primeiras sociedades.
O desenvolvimento da agricultura, portanto, favoreceu o surgimento das primeiras civilizações. Na Ásia Ocidental, muitas delas nasceram na região da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, e no Continente Africano, às margens do rio Nilo, no Egito.
Os povos antigos concluíram que as plantações nas margens dos rios produziam mais que nas áreas secas. Perceberam também que não apenas a água, mas os sedimentos deixados pelo transbordamento, nas cheias dos rios, favoreciam o crescimento das plantas. Isso fez com que a ocupação dessas áreas fosse estimulada, e conseguiram ampliar a oferta de alimentos.
O homem, dotado de inteligência, observou também que poderia desenvolver mecanismos para imitar a natureza. Assim, teve início a procura por meios que permitissem conduzir a água aos campos mais afastados. Com o uso de técnicas rudimentares, tangenciando várias áreas do conhecimento, surgiram os canais feitos de bambu, barro cozido ou pedras; as comportas; os túneis; os aquedutos e terraços, entre muitos outros mecanismos ainda primitivos, mas muito engenhosos. Esse foi o princípio do que hoje é conhecido como irrigação.
Atualmente, os sistemas de irrigação inteligentes fornecem a quantidade ideal de água e nutrientes para as plantas, sem desperdícios e no momento certo para o melhor desenvolvimento das culturas.
Assim como as civilizações, a agricultura evoluiu acompanhando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. À medida que aumenta o volume produzido, começam a aparecer as trocas, de produtos, também conhecidas como escambo, que evoluiram para as diferentes formas de comercialização.
Séculos mais tarde, os povos europeus e asiáticos, predominantemente, desbravaram os mares, com as grandes navegações. O objetivo era buscar novas rotas comerciais, conquistar e colonizar territórios, para ampliar seus domínios e riquezas.
Com isso, produtos vegetais, animais, tecidos e utensílios foram distribuídos pelo mundo.
Veja como alguns produtos chegaram ao Brasil:
A palavra CIÊNCIA deriva do latim scientia, que significa CONHECIMENTO.
A ciência está tão presente no dia a dia das pessoas que é difícil imaginar a vida sem ela. Foi o desenvolvimento científico e tecnológico, nos mais diversos segmentos, que trouxe as alternativas para satisfazer as necessidades do homem.
CIÊNCIA e TECNOLOGIA modificam, a todo instante, a trajetória da humanidade. Elas também foram, são e serão fundamentais para o desenvolvimento da agricultura e da pecuária em todo o mundo.
O conhecimento, na antiguidade, vinha das experiências humanas em relação aos fenômenos naturais. Assim foi descoberto o fogo; a alteração no sabor dos alimentos promovida pelo sal dos mares; a observação da brotação a partir de sementes e fragmentos de plantas, entre outros.
Grandes pensadores, motivados a desvendar e compreender os fenômenos naturais em suas épocas, foram fundamentais para abrir os caminhos da ciência.
Liebig, Darwin e Mendel, por exemplo, foram cruciais para a agricultura moderna. Suas descobertas científicas contribuíram para o avanço da produção agropecuária em todo o mundo. Insumos, como os corretivos e fertilizantes, sementes melhoradas, biotecnologia, transgenia, nanotecnologia, tecnologias reprodutivas, entre outros, tiveram como base os conhecimentos desses e de vários outros cientistas.
A agricultura e a pecuária chegaram no Brasil, praticamente, de caravelas. Animais e vegetais, como frutas, hortaliças, cereais e leguminosas cruzaram os mares para alimentar os portugueses enviados para as terras da América.
Anos mais tarde, na época do Brasil Colônia, as grandes propriedades das Capitanias Hereditárias se dedicavam, principalmente, a uma só cultura. Neste período surgiram os engenhos de açúcar, com a utilização da mão de obra escrava trazida de países africanos.
No final do século XIX e começo do XX, a força de trabalho dos imigrantes predominava nas grandes lavouras do Brasil. Elas produziam, principalmente, para a exportação. As pequenas propriedades, por sua vez, produziam para a subsistência.
Com a Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII, parte da população deixou o campo rumo às cidades. Assim, os produtores rurais que permaneceram no campo tiveram que produzir mais, para alimentar as pessoas que foram morar nos centros urbanos. Foi necessário desenvolver implementos e máquinas mais eficazes para ajudar o homem a lavrar a terra. A força humana e a tração animal eram insuficientes para vencer a grande demanda por produtos agrícolas. Esse foi um dos grandes impulsos para a modernização da agricultura em todo o mundo. No Brasil esse movimento foi ainda mais intenso no início do século XX.
O aumento da demanda por alimentos deu origem a muitos questionamentos. Diante do crescimento populacional, qual seria a real capacidade de suprimento via produção agrícola?
Em sua Teoria Malthusiana, o economista britânico defendeu a ideia de que a população sempre cresceria exponencialmente, enquanto a produção de alimentos aumentaria de forma aritmética (veja o gráfico abaixo). Assim, faltaria comida e o número de pobres aumentaria. Para ele a solução viria com o controle da natalidade.
Gráfico demonstrando a teoria de Malthus sobre o crescimento demográfico e de alimentos
Fonte: TodaMatéria, 2022.
O que Malthus não previu, no entanto, foi como o progresso técnico-científico seria capaz de melhorar a produtividade no campo. Graças às referências científicas de Liebig, Darwin, Mendel, e de inúmeros outros pesquisadores, o desenvolvimento tecnológico ganhou cada vez mais força. À medida que a ciência avança, toda a realidade se aprimora, seja na cidade, seja no campo. É exatamente dessa forma que o questionamento de Malthus tem sido respondido.
O desafio, então, é suprir a crescente demanda mundial por alimentos, fibras e energia.
A pesquisa agropecuária em terras brasileiras teve início no século XIX, ainda no Brasil Império. O Imperador Dom Pedro II incentivou, por meio de bolsas de estudos, que os brasileiros buscassem conhecimento nas universidades europeias, para posteriormente desenvolver as ciências no Brasil.
O Imperador era um homem das artes e das ciências. Ele usou seu prestígio para elevar a imagem do Brasil, que despontava como referência nas Américas. Isso era tão evidente que Charles Darwin declarou: “O imperador faz tanto pela ciência que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais completo respeito”.
Nos últimos anos do Império o Conselheiro Antônio da Silva Prado, Ministro da Agricultura, aconselhou Dom Pedro II a implantar no Brasil uma estação de pesquisa nos mesmos moldes das europeias.
*Fonte: Dicionário do Brasil Imperial, 2002.
Em 1887, D. Pedro II criou a Estação Agronômica no município de Campinas, SP, com o intuito de aprimorar as ciências agronômicas, em especial a do café, a mais importante cultura do Estado de São Paulo e do Brasil, à época.
Em 1892 a Estação passou para a administração do Governo do Estado de São Paulo. Foi renomeada como Instituto Agronômico de Campinas, IAC. Teve, e continua tendo, uma atuação importante no desenvolvimento de pesquisas em alimentos, fibras e energia.
Hoje, com a mesma sigla, mas com o nome Instituto Agronômico, faz parte da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAASP). O IAC possui pesquisadores nas áreas de fitotecnia (plantas) e zootecnia (animais), em todas as regiões do estado. São 12 centros de pesquisa nos municípios de Campinas (7), Cordeirópolis (1), Jundiaí (2), Ribeirão Preto (1) e Votuporanga (1).
O Feijão Carioca, o mais popular no prato do brasileiro, foi desenvolvido pelo IAC/APTA, em São Paulo.
O feijão recebeu esse nome porque se parecia com porcos rústicos malhados, conhecidos como carioca. Foi uma revolução na cozinha brasileira, pois o feijão "carioca" era mais macio que os feijões da época, e cozinhava em tempo muito menor. A pesquisa sobre o feijão carioca nunca parou de evoluir, e já foram lançados 50 cultivares. Os avanços aconteceram, principalmente, em relação à produtividade e à qualidade nutricional do feijão.
No Brasil, são muitas as instituições de pesquisas voltadas para o agro. Elas podem ser públicas ou privadas, ter vínculos com universidades brasileiras e internacionais, com governos municipais, estaduais e o federal. Essas instituições podem atuar isoladamente na busca de soluções para problemas pontuais, ou em robustos projetos de cooperação.
São cada vez mais comuns as parcerias entre organizações de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação, nacionais e internacionais. Grandes avanços científicos são obtidos dessa forma, com benefícios para toda a sociedade, e com economia de tempo, trabalho e de recursos financeiros. Isso é realidade desde o desenvolvimento de insumos agropecuários até a corrida espacial. Também em casos de emergência sanitária global, como em pandemias, onde é necessário unir esforços para encontrar soluções com agilidade, como foi na pesquisa de vacinas contra a COVID-19.
Vale lembrar que muitas descobertas derivadas de pesquisas urbanas têm aplicação no campo, e vice versa. Não há limites para o alcance das ciências.
No Brasil, os institutos estaduais de pesquisa, as universidades e as instituições privadas trazem, há mais de um século, grandes contribuições para a agropecuária. Mais recentemente surgiram startups voltadas para o setor, que são empresas de base tecnológica, conhecidas como AgTechs. Elas possuem em comum o DNA da inovação, e vieram para acelerar soluções para os problemas do agro moderno.
Como já foi visto, a ciência é essencial para superar obstáculos. Com esta premissa foi criada, em 1973, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, que atualmente possui 43 centros de pesquisa em todas as regiões do país.
Em sua trajetória, a EMBRAPA foi responsável por superar as barreiras que limitavam a agricultura em região tropical. As pesquisas propiciaram inovações que permitiram tanto produzir em terras antes consideradas impróprias, como a região do Cerrado, quanto para adaptar algumas culturas ao Brasil, como a soja e o trigo. São inovações trabalhadas em temas estratégicos para o país, para responder às necessidades da nossa agropecuária.
A evolução agropecuária, a partir da Revolução Verde, foi um dos fatores que influenciou a pesquisa no Brasil para a produção agrícola no Cerrado brasileiro, bioma caracterizado pelo clima bem definido, relevo irregular e solos com baixa fertilidade. A tecnologia empregada possibilitou a abertura de novas áreas, anteriormente consideradas improdutivas. Segundo a Embrapa, hoje a região responde por grande parte da produção brasileira de grãos, proteína animal, cana-de-açúcar, fibras, frutas e hortaliças.
A chamada Revolução Verde começou com o trabalho do agrônomo norte-americano Norman Borlaug, que em 1930 decidiu se dedicar à pesquisa de variedades de trigo mais resistentes a doenças. Em 1944 ele se mudou para o México para coordenar o Programa de Produção Cooperativa de Trigo naquele país.
Com a fome do pós guerra, os meios tradicionais de produção agrícola não eram mais suficientes para a grande demanda. Foi preciso encontrar soluções para produzir mais em menor área, e o trabalho de Bourlaug foi fundamental.
Foi desenvolvido um pacote tecnológico que teve como foco o aumento da produtividade nas lavouras. O pacote envolveu o melhoramento de sementes, para que fossem mais adequadas para determinados tipos de solo e clima; fertilizantes; defensivos agrícolas e outros insumos. Tudo isso, somado à utilização de máquinas no campo, irrigação e à melhor gestão, serviu de exemplo para outros países como Brasil, Índia, Paquistão e Filipinas.
A iniciativa deu tão certo que em 1968 o governo dos Estados Unidos chamou o movimento de Revolução Verde. Norman Borlaug foi reconhecido pelo seu trabalho, e recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 1970.
Com o tempo, as práticas relacionadas à conservação de recursos naturais, principalmente do solo e da água, foram adotadas. Também foram aprimoradas as relações de trabalho e a conscientização da necessidade de melhor organização da produção. As associações, cooperativas e sindicatos foram importantes para esta evolução.
Com o tempo, as práticas relacionadas à conservação de recursos naturais, principalmente de solo e de água, foram adotadas. Também foram aprimoradas as relações de trabalho e a conscientização da necessidade de melhor organização da produção. As associações, cooperativas e sindicatos foram importantes para esta evolução e continuam sendo até os dias de hoje.
A definição clássica de bioma é uma comunidade biológica, ou seja, fauna e flora, as interações entre si e com o ambiente físico: solo, água e ar.
O Brasil é detentor de uma das biodiversidades mais ricas do mundo. Estima-se que o país possua uma em cada 10 espécies de plantas ou animais existentes no planeta.
Maior reserva de diversidade biológica do mundo, a Amazônia é também o maior bioma brasileiro em extensão, e ocupa quase metade do território nacional (49,29%). A bacia amazônica ocupa 2/5 da América do Sul e 5% da superfície terrestre. Sua área, de aproximadamente 6,5 milhões de quilômetros quadrados, abriga a maior rede hidrográfica do planeta, que escoa cerca de 1/5 do volume de água doce do mundo.
Sessenta por cento da bacia amazônica se encontram em território brasileiro, onde o Bioma Amazônia ocupa a totalidade de cinco unidades da federação (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima), grande parte de Rondônia (98,8%), mais da metade de Mato Grosso (54%), além de parte de Maranhão (34%) e Tocantins (9%). Este Bioma é caracterizado por clima equatorial quente e úmido, com chuvas torrenciais e floresta fechada. Além disso, abrigam cerca de 30% das florestas tropicais remanescentes no mundo.
Com base em análises estruturais e conjunturais, o governo brasileiro, reunindo regiões de idênticos problemas econômicos, políticos e sociais, com o intuito de melhor planejar o desenvolvimento social e econômico da região amazônica, instituiu o conceito de Amazônia Legal.
Esta, por sua vez, corresponde a 61% do território brasileiro e engloba nove Estados. São eles: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima,Tocantins e parte do Maranhão (oeste do meridiano de 44º).
Espalhado por 11 Estados (MA, PI, TO, BA, GO, MG, MT, MS, RO, SP e PR), mais o Distrito Federal, é o segundo maior bioma do Brasil. Uma das savanas mais ricas do mundo, em especial pelo contato biológico com os biomas vizinhos, conhecida como floresta de cabeça para baixo, porque as raízes costumam ser maiores do que as copas. Nas chapadas estão as nascentes dos principais rios das bacias: Amazônica, do Prata e do São Francisco.
Como se estende de norte a sul do Brasil, ela não é homogênea, mas sim um mosaico de vegetação. Em sua forma mais característica é uma floresta pluvial exuberante, com árvores que podem atingir 40 metros de altura. Tem uma das biodiversidades mais ricas do Brasil e do mundo. Em apenas uma área da região serrana do Espírito Santo há 476 espécies de árvores lenhosas.
É o único bioma exclusivamente brasileiro. Reúne pelo menos 12 vegetações distintas, caracterizadas principalmente por perderem todas as folhas no período de seca.
A presença de montanhas com 2 mil metros de altura em meio ao bioma eleva um pouco a umidade, e é o que faz da região o semi-árido com maior biodiversidade do mundo.
Pampa é uma palavra indígena para designar pradarias: superfícies planas cobertas de vegetação rasteira.
A maior parte do bioma é formada por campos, mas há também trechos mais arbóreos e algumas manchas com floresta densa, semelhante à Mata Atlântica.
Compreendida entre os Estados de MT e MS, essa planície inundável passa até seis meses por ano debaixo d'água.
É uma grande zona de transição entre a Amazônia, o Cerrado e o Chaco. Seus campos são naturalmente propícios à pastagem e à pecuária extensiva.
Link: http://www.florestal.gov.br/snif/recursos-florestais/os-biomas-e suas-florestas