Entrar
Dumont: terra que financiou o

Muitas pessoas acreditam que a cidade de Dumont, distante cerca de 20 quilômetros de Ribeirão Preto, tenha este nome devido ao seu ilustre morador, o pai da aviação, Alberto Santos Dumont. Engano. Homenageia o pai de Alberto, o engenheiro Henrique Dumont, que em 1879 adquiriu a então Fazenda Arindiúva, para onde se mudou com a esposa e os sete filhos.

Em dez anos, de muito trabalho, a fazenda se tornou um modelo e o engenheiro Henrique, o primeiro “Rei do Café”. Empreendedor, Henrique Dumont construiu dentro de sua fazenda uma estrada de ferro exclusiva, que ligava os cafezais entre si e conduzia a produção para a estação de embarque em Ribeirão Preto. Em 1894 a fazenda foi vendida a um grupo inglês. Com o dinheiro o engenheiro mandou a família morar na França, e garantiu para o filho Alberto recursos para financiar suas experiências com balões e aeroplanos. Na década de 40 a fazenda foi loteada e vendida aos colonos, predominantemente italianos, que trabalhavam na lavoura de café. Em 1953 foi criado o Distrito de Dumont, que em 1963 foi transformado em município.

A agricultura continua sendo o centro da economia desta pequena cidade de 7.000 habitantes. Cana-de-açúcar e amendoim são os carros chefe da agricultura local. O amendoim, plantado em rotação com a cana, é a principal matéria prima de duas indústrias de doces instaladas na cidade, e de um centro de separação de outra grande indústria da região. A paçoquinha e as bolachas de Dumont já cruzam fronteiras. Nestas indústrias, 100% da mão de obra é feminina, quase 300 mulheres. O algodão já teve seus tempos de glória na cidade.

Não era cultivado localmente, mas duas algodoeiras de grande porte recebiam a produção de toda a região. As algodoeiras estão desativadas, mas não desmontadas, estão prontas para retomar o trabalho. 95% da mão de obra local trabalha para o agronegócio. O comércio é pequeno, mas até nele o agronegócio é forte. A cidade não tem nenhuma revendedora de carros usados, por exemplo, mas bem na praça central, atrás da prefeitura, existe uma revenda de implementos e tratores usados. A lingüiça de Dumont é orgulho da cidade.

Feita artesanalmente, atrai para os três açougues especializados centenas de compradores de toda a região. Não são açougues comuns, funcionam em pequenos sítios, muito próximos do centro, onde é possível presenciar parte da produção e sentir o cheiro da lingüiça sendo defumada. Infelizmente a tranqüilidade não é a mesma de anos atrás. A violência já ronda os oito bairros de Dumont. São assaltantes de fora que atuam na cidade. Na educação 100% da demanda é atendida. Asfalto e água também estão à disposição de toda a população, e o tratamento de esgoto está em construção. As dificuldades com o pequeno orçamento, R$ 6 milhões, atingem inclusive a manutenção da memória local. Na casa onde morou Santos Dumont, hoje funcionam a prefeitura e o museu histórico: uma situação que impede a conservação do patrimônio histórico.

Para 2006, ano do centenário do vôo do “14 Bis” em volta da Torre Eiffel, a cidade procura parceria para fazer uma comemoração à altura. Está com um projeto pronto: “Santos Dumont, Orgulho da Nação Brasileira”, um projeto que inclui até a reativação da ferrovia do café, já que Santos Dumont, na sua adolescência, conduzia a locomotiva Baldwin, hoje exposta na praça central.

Dados

  • Área Município: 10.200 ha
  • Propriedades: 238 sendo 200 até 50 ha
  • 30 de 50 a 100 ha - 8 acima de 100 ha
  • Milho: 100 ha - 10 mil sacas
  • Soja: 50 ha - 2.500 sacas
  • Cana-de-açúcar: 7.500 ha - 675 mil ton.
  • Amendoim: 2.000 ha - 240 mil sacas (em rotação de cultura)
  • Café: 50 ha - 1.000 sacas

Fonte: CATI.

Junho e Julho/2004

ABAG/RP