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Morro Agudo de mãos dadas com o agronegócio em busca do desenvolvimento regional

Morro Agudo como muitos municípios paulistas é fruto da crise da mineração em Minas Gerais. Uma lei imperial impedia que as cidades se desenvolvessem. Artesanato, pequenas olarias e ferramentarias foram proibidas pela coroa portuguesa para que a mineração não parasse. A saturação das minas foi inevitável. Das cidades mineiras os homens voltaram para o campo.

A agricultura era a única opção. Foi assim que surgiu o “Arraial do Chapéu”. Posseiros se instalavam nas fazendas que mais pareciam vilas rurais. A Vila se desenvolveu ao redor da capela. A vida girava em torno da agricultura. Em 1885 o arraial se tornou freguesia e em 1935, graças às condições climáticas, o solo fértil e o crescimento rápido, Morro Agudo foi elevado à condição de município. Um século depois, conserva a mesma base econômica: a agricultura. Foi em Morro Agudo que em 1938 aconteceu o primeiro desmatamento mecânico do Brasil.

O cerrado começava a ser conquistado. A partir de 1946, com a importação de tratores, deu-se a transformação do meio ambiente e a valorização de todos os municípios em sua volta. Uma história de uso da tecnologia que se repete até hoje. A agroindústria canavieira na região usa tecnologia de ponta, assim como as culturas de milho, soja, arroz, sorgo e algodão. O agronegócio é a mola propulsora da cidade, e a principal fonte arrecadadora. 90% da arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias de Morro Agudo depende de todas as atividades que giram ao redor do campo. Um dos maiores municípios de São Paulo, com 1.386 km2, tem 72% de suas terras ocupadas por 581 propriedades rurais, com produtividade surpreendente.

A diversificação da produção atraiu para a cidade indústrias transformadoras como a óleos Brejeiro e a Cooperativa Carol, a Metal Gráphica Paulista, que produz latas para envasamento de óleo e outros produtos, e indústrias de máquinas e implementos agrícolas, além das usinas de açúcar e álcool. São as usinas as grandes empregadoras. Para o comércio da cidade o período de safra é a época de boas vendas. Segundo a Associação Comercial e Industrial, o comércio vende 50% a mais de mercadorias, de eletrodomésticos a roupas e alimentos. É durante a safra que o SPC, Serviço de Proteção ao Crédito insere menos nomes na sua lista de devedores do comércio local. É também a época onde mais as pessoas acertam suas contas e “limpam seu nome na praça”, explica o gerente administrativo da ACI, Luiz Fernando.

Para a arrecadação municipal é esta, também, a melhor fase do ano, quando os investimentos são incrementados. Morro Agudo tem 100% das ruas pavimentadas e iluminadas. Todas as casas possuem água e esgoto encanado. Não existe favela e até os bairros da zona rural são totalmente urbanizados. Morro Agudo tem acesso privilegiado pela rodovia Anhanguera, por onde é fácil escoar toda a produção da zona rural e das indústrias locais. Está muito longe da hidrelétrica de Itaipu. Não tem grandes represas, a não ser a que a população usa no “pesque grátis” aos domingos, mas é uma região produtora de energia elétrica. A co-geração resultante da queima do bagaço de cana já representa 7,5% do faturamento da Usina Vale do Rosário, a maior co-geradora do país, que está localizada na cidade. Da proibição do desenvolvimento das cidades mineiras por D. Maria Louca, rainha de Portugal, resultou o desenvolvimento de cidades do interior de São Paulo, como Morro Agudo.

Dados

  • População: 25.428 habitantes
  • Cana: 78 mil ha / 6,2 milhões de toneladas
  • Soja: 20 mil ha / 840 mil sacas
  • Milho: 5,5 mil ha / 303 mil sacas
  • Banana: 3,5 mil ha / 1,5 mil toneladas

Outubro/2002

ABAG/RP